terça-feira, 25 de setembro de 2007

O melhor amigo do homem... e do idoso também

"Senta. Deita. Dorme. Dá a patinha”. É assim que mais de dez idosas, com idade entre 60 e cem anos, se divertem nas manhãs de terças-feiras na casa de repouso Recanto da Vovó. Com o intuito de promover atividades físicas e lúdicas a partir da interação entre idosos e animais, a Associação Brasileira de Interação Homem-Animal Cão Coração desenvolve o Projeto Cão do Idoso. Através dele, mais de 300 idosos, moradores das casas de repouso Mão Branca, Ondina Lobo, Recanto da Vovó e Vivência Feliz, recebem atendimento em suas diversas necessidades, sejam elas emocionais, mentais, físicas e sociais.

“O objetivo do Projeto Cão é desenvolver a interação entre o idoso e o cão para depois colher os benefícios que esta relação traz para todas as áreas da saúde do homem. Esta é uma forma de melhorar a qualidade de vida, o bem estar, a integridade e o respeito aos idosos institucionalizados”, explica o fisioterapeuta do Projeto, Vinícius Fava Ribeiro, de 26 anos. Para isso, a entidade conta com a participação de 54 cães, 70 voluntários, dentre eles, veterinários, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, adestradores de animais e assim por diante.

Para atender a todas as necessidades dos idosos, o projeto realiza dois tipos de trabalho: as Atividades Assistidas por Cães e a Terapia Assistida por Animais. No primeiro deles, a cada 15 dias, voluntários e seus cães visitam os asilos cadastrados para dar atenção e carinho aos idosos. Além de alegria e distração, as visitas oferecem um pouco de entretenimento para aqueles que poucas vezes saem de suas rotinas. Já no caso da Terapia Assistida por Cães, o trabalho envolve a participação de profissionais da área de saúde, cães selecionados e previamente treinados. O animal passa, então, a ser uma ferramenta de reabilitação física e tratamento psicológico do paciente.

“Desenvolver atividades físicas e psicológicas a partir de brincadeiras com os cães é uma forma de oferecer ao idoso a oportunidade de acabar com a inatividade na Terceira Idade”, conta Vinícius. Mas os benefícios trazidos pela interação homem-animal não param por aí. Além de ajudar os idosos a se sentirem menos solitários e deprimidos, já foi comprovado cientificamente que a visita dos animais pode reduzir a pressão arterial, o colesterol e freqüência cardíaca.

Para a psicóloga do Projeto, Ana Luísa Penteado, de 24 anos, os benefícios são ainda maiores. “A partir do contato com os cães, os idosos se tornam mais sociáveis. Eles passam a se interessar uns pelos outros e a se respeitarem mutuamente”, afirma.

As idosas do Recanto da Vovó aprovam os exercícios e confirmam os benefícios trazidos pelo Projeto. “Não perco uma única oportunidade de vir brincar com os cachorros. Sem perceber, acabo fazendo exercícios, me divertindo e lembrando dos inúmeros bichos de estimação que tive quando era mais moça. O importante é aproveitar a vida com coisas que nos trazem prazer e felicidade”, comenta Paulina Branco de Araújo, de 99 anos.



Menos deveres e mais direitos...

A Advogada Lionete Lima explica políticas nacionais destinadas à Terceira Idade, bem como o Estatuto do Idoso e o direito à cidadania e dignidade

Apesar do contínuo crescimento percentual de idosos, este segmento populacional ainda é pouco valorizado em países que estão em desenvolvimento, como o Brasil. Em alguns casos, além de terem seus poucos direitos e privilégios desrespeitados, vivenciam diretamente situações preconceituosas. Para devolver-lhes o direito à cidadania, no Brasil, foram implantadas políticas nacionais, leis especiais e estatutos dirigidos à Terceira Idade, a fim de garantir direitos essenciais àqueles que já passaram dos 60 anos.




Em entrevista ao blog sócio-utilidades, a advogada Lionete Maria Lima, especializada em direito criminal e previdenciário, discute sobre cidadania e dignidade na Terceira Idade, políticas de saúde e também sobre o Estatuto do Idoso. Confira abaixo os melhores momentos da entrevista.

No dia 04 de janeiro de 1994, foi implementada no Brasil uma lei sobre a política nacional do idoso. A que ela se refere?

Resultado de inúmeras discussões, a referida norma adota como princípios garantir ao idoso os direitos de cidadania efetiva na sociedade, avalizando a sua autonomia e integração social, bem como promover o bem-estar e o direito à vida, trazendo estes como dever do Estado e da família. Ressalta-se que a cidadania implica na participação das questões sociais, na busca de soluções para estes problemas, ou seja, almeja benefícios e a igualdade entre todos. Desta forma, após o advento desta Lei, o Estado começa a intervir e proíbe qualquer tipo de discriminação às pessoas com idade avançada, bem como inicia a difusão de conhecimentos sobre o processo de envelhecimento para a população brasileira.

O que significa ser um cidadão na sociedade atual?

Ser cidadão significa conquistar direitos econômicos e sociais, cumprindo com seus deveres. No que diz respeito ao idoso, preconceitos e mitos sempre acabam se transformando em empecilhos para a concretização de seus direitos. Deste modo, uma das estratégias para a viabilidade desta cidadania seria o amadurecimento da mentalidade da sociedade.

Como garantir o direito à cidadania para os idosos?

Todos sabemos que as pessoas não possuem direitos inteiramente iguais, porque as constituições não os garantem ou porque as instituições administrativas não os fazem cumprir. Assim, quando há uma defasagem entre normas e direitos, como ocorre freqüentemente no caso da discriminação dos idosos. Portanto, a democracia deve ser aplicada como uma forma de organizar a sociedade, de modo que as pessoas não sofram desigualdades extremas que impeçam o exercício de sua cidadania.

Quais são as políticas de saúde que beneficiam os idosos?

Registra-se que no campo legislativo, após o surgimento da Lei 1.948, foi oficializada a política de saúde do idoso, disciplinando as ações de atenção à saúde em atenção aos princípios do SUS e da Política Nacional do Idoso, priorizando ainda mais a figura da pessoa como parte integrante da sociedade. Visando um atendimento mais rápido para àquelas pessoas de maior idade, a Lei n. 10.048/2000 estabeleceu prioridade ao atendimento para aqueles com idade superior a sessenta e cinco anos em todos os órgãos públicos, bancos e concessionárias de serviço público e, no campo processual. Em uma lei complementar no Código de Processo Civil Brasileiro, os idosos têm prioridade de tramitação nos processos judiciais de idosos.

No dia primeiro de outubro de 2003, foi criado o Estatuto do Idoso. O que ele aborda?

Amparando os mais diferentes aspectos da vida cotidiana, a referida Lei destaca o papel da família reforçando e enfatizando a obrigação da mesma, da sociedade e do Poder Público assegurarem o direito à saúde, alimentação, cultura, esporte, lazer, trabalho, cidadania, liberdade, dignidade, respeito e convivência familiar. A função principal do estatuto é funcionar como uma carta de direitos, fortalecendo o controle do Poder Público em relação ao melhor tratamento das pessoas com idade avançada, respeitando a sua dignidade, galgando um lugar de respeito, buscando alcançar a posição de cidadão efetivo na sociedade aos idosos com participação ativa.

Qual é a importância de se dar dignidade a um idoso?

A dignidade é o grau de respeitabilidade que um ser humano merece, o que difere da caridade, solidariedade e assistência, que trazem em si um conteúdo pejorativo de hipossuficiência. O Estatuto do Idoso se destaca pelos direitos sociais garantidos e apregoados. Contudo, estes somente serão assegurados se a sociedade assumir a responsabilidade de permitir o resgate da cidadania das pessoas que contribuíram para a construção de nosso País. Envelhecer é fato da natureza e do tempo. A medicina, o progresso e a ciência encontram maneiras de prolongar a vida, mas a dignidade é algo que supera conceitos e, deste modo, envelhecer com dignidade se torna um prêmio a ser conquistado.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Álcool ou...Alga?


Substituta da soja?

Discussões acerca de novos meios de produzir-se combustível, sem que haja a agressão do meio ambiente, já são mais do que constantes.

A disputa pelo lugar da antiga gasolina e do ultrapassado diesel já está acirrada entre produtores de etanol, biodiesel e....alga?

Essa é a novidade do momento no meio ecológico. Algumas empresas norte-americanas estão apostando suas fichas no ser-vivo aquático como uma das fonte energéticas alternativas do futuro.

Estudo aponta que certas espécies de algas-verdes podem ser até 100 vezes mais produtivas do que a afamada soja e são efetivas matérias-prima de biodiesel. E, mais um ponto a favor da plantinha: o cultivo não necessitaria de grandes espaços para ser realizado.

Porém, para ser uma matéria-prima eficiente, há ainda a necessidade da superação de certos probleminhas que barram a produção de algas em larga escala.

O mecanismo de controle sobre o crescimento delas ainda é desconhecido e, além disso, a extração do óleo requer o uso de métodos químicos, ainda não tão desenvolvidos.
Mais uma opção limpa para o mundo. Agora é torcer para que as verdinhas-marinhas possam um dia contribuir efetivamente para o bem de tantas outras plantinhas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Violência e Invisibilidade


O cineasta Bruno Barreto está produzindo 174, filme sobre a tragédia dos meninos da Candelária. O documentário de José Padilha, Ônibus 174, serviu de base para a pesquisa de Barreto.


Abaixo, uma reflexão sobre o documentário Ônibus 174:


O documentário Ônibus 174, dirigido por José Padilha, detalha o seqüestro de um ônibus, mostrando a trajetória do seqüestrador, o ponto de vista da polícia, dos reféns e da mídia.No dia 12 de julho de 2000, um ônibus repleto de passageiros foi seqüestrado por Sandro Rosa do Nascimento, no bairro do Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Durante quatro horas e meia, o caso ficou em negociação com a polícia. Apesar de delicada e perigosa, esta situação foi transmitida ao vivo pela televisão, já que a polícia não isolou a área e permitiu o acesso da mídia, que se expôs ao perigo para captar as melhores imagens. Enquanto as vítimas sofriam, a mídia fez se show. Mas o que não esperavam era o fim trágico deste seqüestro, que acabou com a morte de duas pessoas: uma refém, devido a um erro policial e Sandro, asfixiado no camburão.


Neste documentário, são mostrados diversos aspectos de nossa sociedade. Desde um ex-menino de rua, que, por causa de um drama familiar se envolveu com drogas e com o crime, até o despreparo da polícia brasileira. É um documentário com extensa apuração dos fatos, diversidade de opiniões e que nos deixa perplexos quando acaba. José Padilha não propõe soluções, apenas nos faz pensar.


Violência e Invisibilidade
No Brasil existem, aproximadamente, oito milhões de meninos de rua. Sandro do Nascimento era um deles. Nascido na favela do Rato Molhado, no Rio de Janeiro, ele saiu de casa aos seis anos, depois de presenciar o assassinato de sua mãe. Trauma que iria lhe acompanhar pelo resto da vida. Ao ir para as ruas, integrou-se em um grupo de meninos que mais tarde viveriam sob a Igreja da Candelária.


Sandro praticava pequenos furtos, envolvendo-se com drogas (cola e cocaína), um refúgio para sua vida trágica e sofrida. Foi Sempre tímido, seus amigos diziam que ele não gostava de falar sobre a família e o dinheiro que conseguia usava para comprar entorpecentes.


Em 1993, foi um dos sobreviventes da chacina da Candelária, na qual sete menores foram assassinados. Sandro passou pela cadeia inúmeras vezes e fugiu outras tantas. Todos esses fatos, incluídos com o uso de drogas, contribuíram para que ele fizesse o seqüestro, que foi definido por especialistas, como um roubo interrompido.


O caso do ônibus 174 pode ser considerado como uma extensão da tragédia da Candelária. Sandro, que era vítima, tornou-se algoz de um novo crime, despertando a sociedade para sua existência. Através do assalto que se converteu em seqüestro, Sandro redefiniu seu relato e sua existência social, convertendo a narrativa, passando a ser protagonista da situação. Com a arma nas mãos, causando medo em quem estava em volta, enfrentando a polícia e as câmeras de televisão, ele se redefiniu, ganhando reconhecimento social, tendo visibilidade. Ele foi o próprio protagonista do caso, capaz de encenar um morte e de dirigir o comportamento de cada uma das vítimas.


Sandro não era considerado um cidadão, mas ao impor sua visibilidade através do medo, ganhou status. Como menino de rua, ele era invisível aos olhos da sociedade que aprendeu a conviver com a desigualdade social, desviando o olhar das pessoas. A violência, nesses casos, é como um grito desesperado e impotente por visibilidade.


O seqüestro do ônibus 174 aconteceu em um período no qual as pessoas estavam se deslocando, de casa para o trabalho ou vice-versa. Elas passavam de pessoas morais, reconhecidas, para indivíduos. De acordo com Roberto da Matta, em As Raízes da Violência no Brasil, é quando a pessoa está individualizada, tornada em um "ninguém" que há maior risco de acontecer atos violentos. E foi exatamente isso que aconteceu. A violência, para Sandro, se deu como o desenvolvimento da cidadania através do medo.


Quando o crime chegou ao fim, com a morte de uma refém e com a captura do criminoso, a população queria linchá-lo, já que nele projetou-se toda a culpa pela violência social. A sociedade quer a invisibilidade desses meninos, quer que eles continuem em pocilgas, não quer assumir sua responsabilidade pelos atos desses inúmeros sandros.
Technorati Profile

Por uma tela negra

O blogueiro Mark Ontkush (ecoiron.blogspot.com), um dos maiores ativistas ambientais da blogosfera, está a frente de uma campanha bastante polêmica que prega a substituição do fundo branco das telas de internet por um fundo negro. Segundo ele, essa medida reduziria o gasto de energia.

Mark faz até um cálculo, tendo como base o Google, para provar a sua tese e afirma que se o buscador mudasse a cor do fundo de tela haveria uma economia de 8,3 Megawatt/hora por dia.

Será que o Google aprova a idéia?

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ajudar a quem ajuda...

Há 90 anos, um judeu fugido da Alemanha nazista veio para o Brasil à procura de abrigo e, acima de tudo, liberdade de expressão e respeito. Vivendo em condições de pobreza neste novo país que o acolhera, Elijass Gliksmanis não se conformava com a “riqueza” do lixo produzido por uma cidade como São Paulo. Diferente do que se via nos países em guerra, aqui eram encontrados materiais que poderiam ser reutilizados, tais como: pneus seminovos, aço, fios de eletricidade, móveis usados e assim por diante. O judeu passou a recolher os entulhos nas ruas e vendê-los. Aos poucos, melhorou de vida e abriu uma laminadora de aço, com a qual juntou algum dinheiro.

Seu empreendedorismo começou cedo. Com o crescimento da construção civil no Brasil, Elijass comprou um terreno na Vila Prudente e construiu um pequeno prédio. Com o lucro da obra, levantou novos prédios, até que seu patrimônio financeiro fosse alto o suficiente para fundar a Companhia Imobiliária Ibitirama.

Poderia ser simplesmente mais uma história bonita, na qual um imigrante, com muito trabalho e dedicação, conquista vitórias em nosso país. Mas não é. O ato mais belo deste judeu foi deixar, em seu testamento, 15% de seu patrimônio para a criação de uma entidade beneficente. Surgiu, portanto, em julho de 1987, a Fundação Elijass Gliksmanis, que procura ajudar crianças e adolescentes, tirando-os da rua e ensinando-lhes hábitos saudáveis.

Em busca de melhores condições de saúde e educação para os jovens carentes, a Fundação tem como objetivo central auxiliar financeiramente outras entidades beneficentes. Para isso, é responsável pela doação de alimentos, equipamentos médicos e pela construção de hospitais, centros de saúde, abrigos, creches e assim por diante. “Um dos trabalhos realizados pela Fundação é a melhoria nas condições do espaço físico das entidades, como nas cozinhas das creches, para que tais instituições não sejam fechadas pela Prefeitura por precárias condições das instalações”, conta Maria Marlene Daniel, de 56 anos, secretária do projeto.

A Fundação mantém mensalmente apenas o Instituto de Cegas, na rua da Mooca. Nele, atualmente seis senhoras com deficiência visual são assistidas e recebem alimentação, tratamento e atenção. A pedido da Prefeitura, que iria fechar o local de atendimento a 12 senhoras, o projeto ficou responsável pela instituição sob a condição de não aceitar mais nenhuma deficiente. Hoje, o grupo promove festas e encontros com a comunidade local para a socialização das beneficiadas.

“A intenção do nosso projeto não é criar a nossa própria instituição, mas sim garantir a existência e o bom trabalho de outros projetos sociais”, explica Marlene, que é funcionária da fundação desde que esta foi criada e implantada. Para ela, beneficiar outras entidades é fundamental para o sustento dos assistidos, já que, inúmeras vezes, o apoio da prefeitura é insuficiente.